segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Passados 6 meses...

Só agora tive oportunidade de publicar o que fui escrevendo ao longo da minha participação na expedição às ilhas Selvagens.


 Este blog deveria ter sido publicado à medida que foi sendo escrito, isto é, à medida que a expedição ia decorrendo, no entanto, e como devem imaginar durante a nossa permanência nas ilhas Selvagens (grande e pequena) não tínhamos contactos com "terra", não havia rede de telemóvel, telefone ou Internet.

Eu tentei ser o mais fiel possível ao que se foi passando no dia à dia desta experiência. Mesmo quando escrevi todos os textos a computador tentei não alterar (salvo pequena incorrecções) o texto que escrevi em cada um dos dias.

Tenho de deixar aqui uma agradecimento publico à EMEPC por me terem permitido participar nesta campanha como professora a bordo. 


E agradecer, também, à tripulação da Caravela Vera Cruz (Aporvela), que me recebeu e aturou durante esta campanha!


Foi sem dúvida uma experiência única, quem sabe se um dia a volto a repetir...

O tempo que passou desde esta viagem já foi muito mas quase todos os dias me lembro de pequenas historias/situações que foram vividas ao longo deste, fantástico, mês. Agora ao ler tudo aquilo que escrevi diariamente chegam as saudades...




Fica aqui um pequeno vídeo do Rui Alcântara: 
http://www.facebook.com/video/video.php?v=1471806189392



Como tudo começou: Era uma vez...



Esta é a história da minha aventura como professora a bordo:

No inicio de Maio recebi dois emails a divulgar um concurso da EMEPC (Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental http://www.emepc.pt/): "Concurso Professores a Bordo 2010"
Inicialmente pensei, olha que fixe como este ano não estou a dar aulas posso concorrer, mas como sempre fui deixando passar o tempo e só no dia 10 à noite decidi entregar a minha candidatura, sem a mínima esperança de ser chamada (depois de ter lido o regulamento…), mas mesmo assim enviei a candidatura no último dia do prazo do concurso.
Passados poucos dias recebo um email a dizer que tinha sido chamada para a entrevista (2ª parte da candidatura). Lá fui eu para Lisboa (Paço de Arcos) e fiz a entrevista, que por sinal afinal acabou por correr muito bem! Saí de lá com alguma esperança de ser chamada para a viagem mas ainda assim algo reticente e a estranhar todos estes rápidos acontecimentos.
Depois de mais algumas peripécias, recebo um telefonema a dizer que podia ir mais uns dias desde que não me importasse de viajar na Caravela Vera Cruz! Nem queria acreditar na Caravela (até aqui só conhecia existencia da Caravela Boa Esperança)?
Afinal posso ir 1 mês (aproximadamente) na viagem às Selvagens!!!
De dia 7 de Junho a 5 de Julho vou andar embarcada para já é só o que sei.

Dia 0 (7 de Junho de 2010)

E depois de muitos dias cheios de stress, o querer deixar tudo o mais bem preparado possível (não deixar assuntos pendentes), o fazer a mala, as últimas compras, ir a casa dos meus pais (deixar lá a Bolacha), a entrevista… posso finalmente dizer, já estou na Madeira, agora já não há volta a dar, já não posso voltar para trás… Amanhã é dia de embarque na Caravela Vera Cruz, já está atracada, já a vi, junto ao NTM Creoula e ao NRP Almirante Gago Coutinho.

Para que não restem confusões esta é a Bolacha



Caravela Vera Cruz no Porto do Funchal
  Bom a bem dizer ainda posso desistir, mas isso seria um pouco como “morrer na praia”.
É claro que vou, é claro que embarco, o que se vai passar a seguir (será) é uma incógnita, neste momento só posso imaginar, …, mas é difícil imaginar algo pelo qual nunca se passou!
Hoje vou tentar relaxar (e conhecar o Funchal) pois amanhã o dia vai ser cheio de tudo:
 -emoções
- aprendizagens (quanto mais não seja pelo conhecimento da caravela)
 - o conhecer de novas pessoas
- e a aventura da partida

Aqui ficam algumas fotos do Funchal.
Vista de uma parte do Funchal. 
Apesar do aspecto do céu a temperatura estava fantástica
 
Uma das, tristemente, famosas Ribeiras
  
Cada localidade faz a calçada com o material que tem.
 As do Funchal são um espectáculo. 
Visível na imagem os efeitos da temporal

O “cair” da noite
 
Escondida a trás das árvores está a estátua de Gonçalves Zarco

1º Dia (08 de Junho 2010)

Finalmente o dia da partida!!!
Depois de me apresentar na Caravela, grande confusão…, chagada de uns, partida de outros… mais as vistas das pessoas que estão nas outras embarcações e que querem ver a Caravela…, para mim é tudo novo… e algo estranho, os turnos de navegação chamam-se quartos, …
Depois do almoço fomos assistir às palestras de apresentação da Campanha EMEPC/M@rbis/Selvagens2010.

  Já foi! Já estamos a rumar para as selvagens.

Saímos do cais às 21.30 foi muito giro eu fiquei junto com o Francisco ao leme. O Francisco pertence ao meu quarto (o nome que aqui se dá aos turnos). O meu quarto é o Q3, estou eu, o Tiago, o Francisco, o Ricardo e o João (o chefe de quarto).
Funchal visto da Caravela Vera Cruz após a Saída do porto do Funchal.
O efeito artístico está relacionado com a oscilação da Caravela em navegação. 

Agora já não há mesmo volta a dar já estamos no mar e já não posso voltar para trás.

Antes de partimos já descemos a mesena (verga da vela que fica na popa da Caravela), para além deste já aprendi mais alguns termos próprios da caravela: Carregadeiras usadas para subir e baixar a vela
Guardim: Central da Verga

O jantar hoje foi servido às 20h (ainda estávamos no porto) e foi um género de sopa da pedra… estava muito bom, só espero que se mantenha cá dentro. Estive de quarto a partir das 11h da noite, hora a que o Creoula saiu do porto do Funchal.

Durante a noite fomos ultrapassados pelo Creoula assim:
- Creoula é o barco alcançante e a Caravela é o barco alcançado;

O quarto durou até às 2 da manhã, vimos o brilho dos dinoflagelados que segundo me disseram brilham por causa da vibração causada pela Caravela. O João (o chefe de quarto fez uma óptima descrição deste brilho ao referir-se a eles como os pirilampos do mar).

E com o convívio começamos a conhecer o pessoal que vem a bordo da Caravela:
Hidrozoários é o objecto de estudo do Carlos Mota (aluno de Doutoramento) Universidade de Aveiro
O Ricardo, brasileiro, da Universidade dos Açores é geólogo e estuda as Ilhas Vulcânicas (também aluno de doutoramento).
A Gisela estuda os ossos de peixe principalmente as vértebras, vem do CCMar  .
           .
Com o avançar da noite foi possível observar o céu, estava limpo, parecia que tinha muito mais estrelas do que normalmente tem, acho que nunca tinha visto um céu assim. Fiquei completamente deslumbrada.

2º Dia (9 de Junho de 2010)

O dia hoje começou cedo, estive de quarto das 8h às 12h e foi um dia inteiro de navegação. Já baixamos a vela, durante todo o dia a navegação foi feita inteiramente à vela. Eu fiquei a tomar conta de uma carregadeira -a primeira a Bombordo do lado da proa, (uma excelente utilização dos termos náuticos que seria completamente impossível há 2 ou 3 dias a trás), quando se baixou a vela.

Outra coisa espectacular (que observamos durante o dia) foi o verdadeiro azul marinho. Não há palavras para descrever esta cor, mesmo no final do dia com o céu a ficar nublado a cor estava simplesmente fantástica. 


Tentativa de captar o verdadeiro azul marinho, na foto nunca fica igual!!
 

Estivemos de quarto até às 11 da Noite.

Para ocuparmos o tempo, fomos aprendendo a fazer nós de marinheiro. Aprendi dois, a volta de Fiel e Lais de Guia. Ainda durante este dia o comandante fez-me um esquema da Caravela com os respectivos nomes, acho que nunca vou conseguir lembrar-me de todos!!!

3º Dia (10 de Junho de 2010)


Voltamos a estar de turno das 5h da manhã até às 8h.
Quando iniciamos o turno estava escuro como breu. Passado algum tempo começamos a ver lá ao fundo umas luzes (descobrimos mais tarde que se tratava do Creoula).

Creoula a aproximar-se da Selvagem pequena.

Vislumbrámos também no horizonte as luzes dos faróis das Selvagens Grande e Pequena. Quando começou a clarear pudemos observar ao longe a Selvagem Grande. Segundo o que nos foi transmitido durante a noite, nesta parte inicial, vamos para as Selvagens Pequenas. Não tenho fotos pois durante toda a manobra para fundear a Caravela estive ao leme com o Tiago.
Depois de lançado o ferro fomos tomar o pequeno almoço. Baixámos a Verga Grande que já tinha a vela recolhida e subimos o balão (sinal de que o barco está fundeado), enquanto fazíamos esta manobra chegou o Creoula e o Gago Coutinho foi uma emoção, com carradas de fotos…

Aqui ficam as primeiras imagens da Selvagem Pequena:

 
Ponto mais alto da Ilha

Cabana dos Guardas da Natureza

NTM Ceoula

Tudo pronto pró trabalho. É hora de baixarmos a Verga Grande
 
Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
 
E…eis que chega o NRP Almirante Gago Coutinho
 
Depois do almoço (mais uma vez um óptimo almoço) fui com o comandante (João Lúcio) e o Carlos à Selvagem Pequena. É um outro mundo não há forma de descrever o que se vê. Na parte da ilha que tem areia temos os ninhos de Calcamar, nas rochas temos os ninhos das Cagarras…

Neste dia não levei máquina fotográfica para terra!!!


Primeira vez em 2 dias que coloco o pé em terra. Eu e o Carlos na Ilha. 
Foto de João Lúcio
As primeiras explorações. 
Foto de João Lúcio

Aspecto da Ilha e da Cabana dos Vigilantes da Natureza. 
Foto de João Lúcio

As três embarcações participantes. 
Foto de João Lúcio


4º Dia (11 de Junho de 2010)

Hoje não foi um bom dia, apesar da frase que inicia este texto o dia correu bem o que se passou foi que eu “não apanhei vaga” no bote para ir para terra. No início deixei as minhas colegas irem a primeira vez que o bote foi para terra (elas sempre vão estar cá menos tempo do que eu), quando o bote chegou à Caravela trazia instruções para não levar mais ninguém, para terra, e assim fiquei cá toda a manhã no barco a tirar fotos e a descansar.

Depois de almoço foi a vez do meu quarto tratar da limpeza da louça da cozinha e da mesa do almoço. Ao almoço ouvimos as histórias fantásticas que as minhas colegas traziam da amostragem (ou melhor da explicação e da formação de grupos de amostragem) que fizeram em terra, disseram que da parte da tarde podia ir toda a gente que quisesse. Como já referi depois de almoço fiquei nas limpezas, entretanto chegaram dois guardas das Selvagens que acabaram por almoçar a bordo e que no final (quando foram para terra levaram as minhas colegas com eles).


Guias da Natureza que simpaticamente nos receberam na sua pequena Ilha,
 que foi literalmente invadida .
Nesta foto está também o Rui e o Nuno Lourenço (um dos chefes de missão).
 Só quando cheguei ao convés me apercebi que elas já não estavam, depois foi mais um bote para terra, mas este também acabei por perder. Tive pena de não ir mas achei importante dar prioridade às minhas colegas e aos estudantes que estão a bordo.
Chegada à Caravela após uma tarde de amostragem em terra
Quando chegaram com as histórias do que tinham feito fiquei contente por elas. A bordo correu tudo bem como sempre, aproveitei para fazer algumas fotos e também um sudoku e umas palavras cruzadas.
Mais uma vez às refeições o comandante brindou-nos com as suas histórias fantásticas das “7 navegações” que tem feito ao longo dos anos em que é, juntamente com o seu irmão, comandante da Caravela.
Após o anoitecer fomos surpreendidos pela queda de umas aves na Caravela, julgamos que devido às luzes, afinal eram as aves que fazem os ninhos na areia da Selvagem Pequena, os Calcamares.
Eu com um Calcamar nas mãos.
Foto de João Duarte Silva
Calcamar.
Foto de João Lúcio

5ºDia (12 de Junho 2010)

Hoje faço anos, é verdade e estou a bordo e sem possibilidade de contacto com a minha família, mas quase que nem dei pelo dia passar, isto é, o dia foi tão bom e tão preenchido que nem dei conta que hoje era o meu dia de anos. Sinto que ainda nem fiz ¼ das coisas que tinha imaginado já ter feito com a minha idade. Mas fiz outras que nunca, jamais na minha vida, tinha imaginado fazer, como por exemplo esta viagem que é um belo presente de aniversário.
Agora surge-me outra dúvida: a bordo ninguém sabe que eu faço anos hoje. O que devo fazer: devo contar ou não?
Já jantamos, não disse nada… foi um dia de anos diferente...
Bom mudando de assunto, hoje saímos por volta das 9/10h e seguimos para terra a bordo do Vera Cruz auxiliar (bote) quando chegamos verificámos que existiam duas equipas a trabalhar e nós deixámo-nos ficar lá junto dos grupos de trabalho que estavam a fazer a triagem.
Transporte para a Ilha, bote Vera Cruz Aux.
Lista dos organismos “identificados” /dados recolhidos durante a triagem:
Triagem da amostra: todas as algas vão ser prensadas (vai ser feito um algário em triplicado) sejam identificadas ou não. Filamentos não identificados vão para a sílica para amostras celulares. Para todas as algas recolhidas é registada uma entrada no livro de registo que existe para esse efeito. Os bichos também se separam e são guardados em álcool a 70%. Os gastrópodes eram conservados em água do mar pois estes eram logo (no mesmo dia) observados e identificados (pela Mónica).




Algário.
Foto de Carla Pacheco
O nosso "laboratório" de triagem era assim.
Foto de Carla Pacheco.
Todas as recolhas são identificadas por uma etiqueta, escrita a lápis, para não se apagar com o álcool, com a seguinte legenda, para os bichos: S10-p1-IT2C4B6, (S10: Selvagens 2010; P1: pequena amostragem 1; IT2: grupo Intertidal 2; C4: quadrado 4; B6: bicho número 6). Cada vez que se mudava de quadrado o número dos bichos voltava ao 1.

Quadrados de amostragem. Gastrópode Osilinus atratus selvagensis
Foto de Madalena Fonte
A legenda das algas era ligeiramente diferente: Selp -10-01 (Selp: Selvagem Pequena; 10: Ano; 01 número da amostra no livro de registos).


Local onde realizamos as triagens das amostras na Selvagem Pequena.
Foto de João Lúcio
Um dos caranguejos (Grapsus grapsus adscensionis) apresenta duas cores consoante é macho ou fêmea: Vermelho – Macho; Preto - Fêmea (mas fica vermelha na época da reprodução).
Cnidários aequabilis (zona intertidal) – endémico da macaronésia
Organismos: 
Algas: Padina Pavonica, calcomenia;
Bichos: Cracas (Chthamalus stellatus), Poliqueta, Gastrópodes, Cnidários, Isopodes, Lapas, Liturinas, Caranguejos, Amphipodas, Copepodes.

Isto é que é qualidade de vida.
Os cientistas tinham o seu acampamento junto ao " local de  trabalho"
Eu e a Madalena aproveitámos também (mais por iniciativa da Madalena) para retirar alguma bibliografia, temos o nome de 2 ou 3 livros fantásticos que permitem a identificação de espécies do intertidal.
Durante um dos banhos aproveitei para tirar umas fotos a um aspecto particular da rocha que apesar de ser de origem vulcânica têm um aspecto em bolinhas todas unidas umas às outras.


Bolinhas "misteriosas".
Bom ainda não falei de como é a Ilha Selvagem Pequena, é um local fantástico cheio de rochas vulcânicas e estranhamente com algumas rochas sedimentares. Tem apenas uma pequena estrutura em madeira onde estão os vigilantes da natureza (apenas uma parte do ano) quanto ao resto temos rochas, alguma areia, vegetação rasteira e muitas aves a nidificar…infelizmente tem também muito lixo…

Algumas fotos da Selvagem Pequena

6º Dia (13 de Junho 2010)

Hoje fomos para terra mais cedo, deveríamos estar lá por volta das 8 horas (no entanto optámos por tomar um pequeno almoço, com tempo, na Caravela) e de seguida fomos para terra. Hoje foi dia de amostragem na zona intertidal (desta vez mais a sul do lado onde a Caravela está ancorada). Foram feitos vários transectos  (pelo menos dois pelas duas equipas que estão a trabalhar no intertidal).

Local de amostragem.
Foto de Madalena Fonte
 Foram recolhidos dados e organismos, estes foram logo identificados o mais que se conseguiu e colocaram-se em frascos ou em sacos zip-log com água do mar. Todas estas recolhas foram feitas em poças de maré. Em alguns casos não se recolheu o ser vivo só se indicou o seu avistamento como foi o caso de um polvo que estava debaixo de uma pedra dentro de uma dessas poças.

Poças de maré: local de amostragem.
Foto de Madalena Fonte
Uma das equipas de amostragem.
Foto de Madalena Fonte
Nestas recolhas tenta-se obter a maior variedade possível de seres vivos, neste local foi possível observar esponjas de diferentes formas e cores, de todos os seres vivos observados, para mim, estes foram dos mais espectaculares pois têm uma grande variedade, foi incrível.

Verme de Fogo
Foto de Madalena Fonte
Esponjas.
Foto de Madalena Fonte
Ovos de gastrópode Stramonita haemastoma.
Foto de Madalena Fonte



Conspícua -  amostra retirada do local de amostragem mas fora dos quadrados do transecto.


Durante este trabalho a equipa da SIC apareceu e recolheu imagens e som, do que estávamos a fazer, para montar uma grande reportagem!!!
Quando estávamos já quase a terminar, isto é no último local do transecto perguntei ao Ricardo Meireles o que eram as “bolinhas” negras/pretas (que já tinha falado ontem), mas ele também não me soube responder. A dúvida permanece.

Praticamente no final recebemos uma comunicação do Creoula (base veleiro) a dizer que lá estava a chover e que a chuva se estava a dirigir para a ilha, então terminou a amostragem e fomos para local do acampamento para recolher tudo o que eram “instalações eléctricas”.

"Instalações eléctricas" alimentadas por energia solar.
Foto de Carla Pacheco
Vim almoçar à Caravela e acabei por ficar cá o resto da tarde.

7º Dia (14 de Junho 2010)

Hoje foi um dia complicado, depois de já estarmos todos dentro do bote para ir para terra, tentou-se por o bote a funcionar e … este não funcionou…


Reparação do motor do bote.
Foto de João Duarte Silva
Depois de alguma insistência lá foi possível colocá-lo a funcionar e fomos para terra. Passamos o dia inteiro lá a participar na triagem (desta vez, e para facilitar, levámos o almoço para a Ilha, fizemos um excelente piquenique...e ainda houve tempo para ir a banhos no paraíso).

Prainha espectacular para os banho da hora de almoço.
Esta é a praia onde desembarcamos todos os dias.
À noite quando regressámos à caravela soubemos que estivemos em risco de ficar em terra uma vez que mesmo na hora de nos irem buscar o bote avariou de novo. 
Com o balançar da Caravela às vezes
as fotos (sem flash) ficam assim!
A mesma imagem mas desta vez com flash...

8º Dia (15 de Junho 2010)

Hoje foi um dia diferente, os trabalhos de triagem continuaram, mas uma equipa da qual que fiz parte foi fazer a limpeza da ilha. Esta equipa, foi organizada pela Mónica, e contava com pessoal do Creoula, que eu ainda nunca tinha visto em terra.


É quase impossível descrever o tipo de lixo que se encontra numa ilha isolada no oceano atlântico e com controlo de visitantes… é certo que o lixo que encontramos não foi trazido por visitantes mas sim pelo próprio mar, o que quase que é ainda mais grave. Significa que o ser humano ainda não percebeu que todas as suas atitudes têm consequências. Encontramos objectos tão variados como chinelos, escovas de dentes, “tazos” (sim aqueles das batatas fritas de alguns anos atrás), brinquedos de criança: cavalinhos de plástico,…, muitos restos de objectos de plástico, redes, muitas paletes de madeira, muito restos da cabos e claro está restos de vidros.


 Tenho pena de não ter levado a máquina fotográfica comigo pois faria aqui uma reportagem fotografica interessante sobre o que se encontra numa ilha, no meio do atlântico, onde vivem duas pessoas apenas alguns meses por ano…
Mais uma vez para o almoço fizemos um piquenique na praia.

Momentos de descontracção depois do piquenique.
Durante a tarde… bom como dizer isto, pela primeira vez senti o que devem sentir as pessoas que por estes dias estão na ilha quando o dia amanhece e os botes começam a trazer pessoas da Caravela, do Creoula e do Gago Coutinho. Desta vez era eu que estava na ilha e que fui vendo a chegada de dada vez mais gente para a ilha, foi literalmente uma invasão, isto porque (como todos sabem) hoje é o primeiro jogo de Portugal no mundial de futebol e na ilha há televisão, …, não é necessário explicar mais…


Eu, como não tenho muito interesse na bola, fui fazer uma caminhada pela ilha para aproveitar mais um pouco das belas vistas que por aqui podemos encontrar.

Depois do jantar, foi a vez de regressar à navegação, partimos para o Funchal e deixámos a Selvagem Pequena para trás só me ocorre pensar, será que algum dia terei oportunidade de aqui regressar, apercebi-me de que o tempo esta a passar muito rápido e que brevemente toda esta experiência vai acabar, oh que pena não ser uma multimilionária e poder ter uma vida que me permitisse fazer muitas viagens destas…